sábado, 31 de dezembro de 2022

O que observar no céu de Chapecó no mês de janeiro de 2023

Texto elaborado por Nathalia Luiza Maggi Zortéa e Mariana Tambosi Packer (UDESC Oeste)

Revisado por Daniel Iunes Raimann (UDESC Oeste / Associação Apontador de Estrelas)


Neste primeiro mês do ano que se inicia teremos novas oportunidades para observar o céu. Conjunções envolvendo planetas, planetas e a Lua, a formação do X e V Lunares, a região da constelação de Órion dominando as noites de verão e passagens brilhantes da Estação Espacial Internacional. Desejamos boas observações e céus limpos a todos e todas!

As fases principais da Lua ocorrerão nas seguintes datas e horários:

Fonte: vercalendario.info (2022).

Calendário lunar:

Fonte: vercalendario.info (2022).

A luz cinérea da Lua (luz refletida pela parte escura da Lua proveniente da parte iluminada do planeta Terra) é visível ao amanhecer entre os dias 17 e 19 e ao anoitecer entre os dias 24 e 26. Os melhores períodos para observar a Lua serão de 1° a 4, de 10 a 19, e 24 e 31 de janeiro. Nesse período as condições de iluminação do nosso satélite favorecem o contraste e sombras para a visualização de detalhes de crateras e montanhas. A partir de um simples binóculo é possível observar muitas características do solo lunar, detalhes de crateras e planícies tornam-se evidentes.


Conjunções são aproximações aparentes entre dois ou mais astros. Tal fenômeno depende da localização do observador na Terra.


Conjunções em janeiro

No começo do mês, dia 3, teremos a conjunção entre Marte e Lua, a cerca de 1° um do outro, na máxima aproximação. Estarão na região do céu que reúne ainda Plêiades e Hyades (aglomerados abertos), e Aldebarã, a estrela mais brilhante da constelação de Touro. No final do mês, na noite de 30 para 31, o fenômeno se repete.

No dia 22, é a vez de Vênus e Saturno estarem muito próximos um do outro, uma distância angular de cerca de 20 minutos de arco, menor do que o tamanho da Lua cheia. Como estarão próximos do horizonte oeste, estarão disponíveis para observação daqueles que tiverem o horizonte livre, por cerca de uma hora ao longo do pôr do Sol.


Formação do X e V Lunares

Na noite de 28 de janeiro, teremos a formação do X e V lunares, quando condições especiais de iluminação no topo de algumas crateras lunares permitem a identificação destas letras no relevo lunar. De acordo com o Anuário Astronômico Catarinense, o X Lunar "Trata-se do início da iluminação do topo das paredes das crateras Purbach, La Caille e Blanchinus". É uma condição muito especial de iluminação, que dura apenas algumas horas e não é visível em todos os meses. O próprio Anuário indica apenas cinco datas esse ano, como "melhor ocasião para a visualização". Esta é a primeira ocorrência neste ano.

Já o V Lunar é uma condição especial de iluminação da cratera Ukert, junto com várias crateras menores. Em alguns meses, o horário ideal para observação do X e V lunares acontece de dia, o que dificulta a observação e registro, ou com a Lua abaixo do horizonte, o que impede sua observação e registro.

Em 23 de outubro de 2020, fizemos a observação e registro deste fenômeno. Um passeio pela Lua daquela noite encontra-se disponível em vídeo no canal de Youtube da Associação Apontador de Estrelas (https://www.youtube.com/watch?v=Xk6HMrDgYSM).


Planetas

Mercúrio será visível ao amanhecer durante a segunda quinzena, com magnitude +1, no horizonte leste.

Vênus será visível logo após o pôr do Sol, com magnitude -3,9, no horizonte oeste. No dia 22 estará a 20 minutos de arco de Saturno, distância menor do que o tamanho angular da Lua cheia, em uma bela conjunção. Nos dias 22 e 23 estará a cerca de 3° da Lua.

Marte será visível até às 2 horas com magnitude -0,7.  Nos dias 3 e 30-31 estará a cerca de 1° da Lua, na máxima aproximação durante a conjunção.

Júpiter será visível até às 22 horas com magnitude -2,3.

Saturno será visível logo após o pôr do Sol, com magnitude +0,8, no horizonte oeste. No dia 22 estará a 20 minutos de arco de Vênus, distância menor do que o tamanho angular da Lua cheia, em uma bela conjunção. Nos dias 22 e 23 estará a cerca de 3° da Lua.

Urano poderá ser observado com o uso de binóculo ou luneta, do entardecer até meia noite, com magnitude +5,7.

Netuno será visível desde o entardecer, cerca de 6° à oeste de Júpiter, com magnitude +7,9, com o uso de binóculo ou luneta. Como tem brilho bastante baixo, sugere-se buscar sua posição exata através de uma carta celeste, usando estrelas de referência para a confirmação de sua localização, observação e registro. No dia 24, estará entre Júpiter e a Lua.


Observação da região da constelação de Órion

Neste mês de janeiro, a região da constelação de Órion, com as suas companheiras mais próximas, constelações do Touro e Cão Maior, continua dominando as noites de verão. Na constelação de Órion, o Caçador, temos as famosas “Três Marias”, que formam o cinturão do Caçador, e a Nebulosa de Órion, um berçário de estrelas. Também temos, acima e abaixo das Três Marias, duas estrelas destacadamente de cores distintas. Rigel, de coloração azulada, e Betelgeuse, de coloração avermelhada. Alternando a visão entre as duas se torna mais fácil de distinguir a coloração.

Seguindo a direção da linha formada pelas Três Marias, de um lado temos a estrela mais brilhante do céu, Sirius, que pertence a constelação do Cão Maior e, do outro lado, os aglomerados abertos de estrelas conhecidos como Hyades e Plêiades, ambos da constelação de Touro.

Abaixo temos uma imagem obtida pelo colega Alef Victor Klaus Silveira, da Associação Apontador de Estrelas, que mostra parte da constelação de Órion, com destaque para as “Três Marias”, a Nebulosa de Órion (M42), Nebulosa da Chama (IC434) e Nebulosa da Cabeça do Cavalo (NGC2024). A imagem é resultado da soma de mais de 800 fotos, com 4s de exposição cada e ISO 800, obtidas em 30 de dezembro.


Observando o céu a olho nu

Para facilitar a localização dos astros dispostos no céu, podemos utilizar a mão para orientar a angulação e encontrar os corpos celestes. Esticando o braço, podemos encontrar a angulação desejada como na imagem a seguir:



Passagens brilhantes da ISS

A Estação Espacial Internacional, conhecida como ISS (International Space Station), é a maior estrutura já montada no espaço pelo homem. A ISS possui 109 metros de largura, 73 metros de comprimento, 20 metros de altura e uma massa de 450 mil quilos. A plataforma está orbitando a uma altura aproximada de 400 km da superfície terrestre, com uma velocidade de aproximadamente 28.000 km/h, o que lhe confere um período de translação ao redor da Terra de 90 minutos (1,5 hora). Produto do esforço de 15 países, a ISS é um moderno laboratório para observação da Terra e realização de experimentos em ambiente de baixa gravidade e que pode ser observada a olho nu.



Referências 

AMORIM, Alexandre. Anuário Astronômico Catarinense 202. 1.ed. Florianópolis: Edição do autor, 2022. 192p.

Observe!. Boletim informativo do NEOA – JBS, ano XIV – Número 1 – Janeiro de 2023. Disponível em: https://www.geocities.ws/costeira1/neoa/observe.pdf. Acesso em: 29/12/2022. 

Vercalendario.info: Mês Do Calendário Lunar Dezembro 2022. Disponível em: https://www.vercalendario.info/pt/lua/brasil-mes-janeiro-2023.html. Acesso em: 30/12/2022.

PEAT, C. ISS - Estação Espacial Internacional - Passagens visíveis. Disponível em: https://www.heavens-above.com/PassSummary.aspx?satid=25544&lat=-27.0922&lng=-52.6167&loc=Distrito+Sede+de+Chapec%c3%b3&alt=0&tz=EBST Acesso em 26/12/2022.


Nenhum comentário:

Postar um comentário